INTELIGÊNCIA EPIDEMIOLOGICA NA OPERAÇÃO COVID-19

nova ferramenta de apoio à decisão na logística militar do Brasil

Autores

  • José Roberto Pinho de Andrade Lima ESCOLA SUPERIOR DE DEFESA https://orcid.org/0000-0001-8232-2166
  • Mariza Ferro Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC)
  • Eric Fernandes de Mello Araújo Universidade Federal de Lavras (UFLA)
  • Cristiano Barros de Melo Universidade de Brasília
  • Ernesto Rademaker Martins Ministério da Defesa
  • Beatriz Helena Felício Fuck Telles Ferreira Ministério da Defesa

DOI:

https://doi.org/10.47240/revistadaesg.v38i82.1250

Palavras-chave:

Inteligência Epidemiológica, Logística Militar, Forças Armadas Brasileiras, COVID-19

Resumo

No contexto de um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo, surgem novos desafios como a pandemia de COVID-19. Assim como o Brasil, muitas nações empregaram suas estruturas militares na resposta à esta pandemia, em especial as capacidades logísticas. O presente trabalho descreve e analisa o emprego de uma nova capacidade na logística da saúde militar, a inteligência epidemiológica. Assim, neste estudo, foi desenvolvida investigação de natureza aplicada, exploratória e qualitativa, na qual empregou-se metodologia de estudo de caso, pesquisa bibliográfica e documental. São apresentados os principais produtos e lições aprendidas no Centro de Coordenação de Logística e Mobilização (CCLM), do Ministério da Defesa (MD). Esta nova funcionalidade foi, também, experimentada no contexto do Sistema Apolo (Sistema de Informações Gerenciais de Logística e Mobilização de Defesa). Todas as nações necessitam de uma estrutura permanente de Inteligência Epidemiológica, para apoio à tomada de decisão, formular estratégias de vigilância, orientar planos de contingência e resposta às emergências sanitárias nacionais e globais. O estudo conclui destacando a importância de implantar capacidades de resiliência, identificando vulnerabilidades do Sistema de Saúde das Forças Armadas, implementando ações de proteção à saúde com a instalação de estrutura orgânica de inteligência epidemiológica nas Forças Armadas e no MD.

Biografia do Autor

José Roberto Pinho de Andrade Lima, ESCOLA SUPERIOR DE DEFESA

Realizou pós-doutorado em Saúde Global e Ambiental - concentração em Saúde Única, na University of Florida - Gainesville/EUA (2015-2016). Possui doutorado em Saúde Pública pelo Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), na área de Epidemiologia (2012), Mestrado em Ciências Veterinárias (ênfase em Epidemiologia) pela Université de Montreal - Canadá (2001), e Graduação em Medicina Veterinária pela UFBA (1995). Cursou formações complementares a nível de aperfeiçoamento e especialização em: Vigilância Sanitária (ENSP/Fiocruz), Segurança de Alimentos (OPAS), Gestão Ambiental (SENAI/Ba), Docência Superior (UNIGRANRIO), Política e Estratégia (ADESG-Ba/UNEB) e Gestão (EsIE/ Univ Gama Filho). Coronel Veterinário, integra o Exército Brasileiro desde 1995. Atuou na Chefia da Divisão de Ensino, Coordenação dos Programas de Pós-graduação e como instrutor nos Cursos de Formação de Oficiais, Aperfeiçoamento e de Gestão e Assessoramento de Estado-Maior da Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx), entre 2003 e 2019. Foi professor na graduação e pós-graduação de IES como UFBA (2004-2005), Faculdade Estácio da Amazônia/FARES, em Boa Vista/RR (2013-2014), UNIME/SMVBA (2006-2019), Lauro de Freitas-BA, e no Centro Nacional de Qualificação Profissional (CNQP), Manaus/AM (2014-2015). Participou da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), como Oficial de Gestão Ambiental e Vigilância Sanitária do Batalhão Brasileiro de Força de Paz (2009-2010). Atuou em unidades militares dos Comandos Militares da Amazônia, Nordeste e Leste, entre outras nas áreas de Medicina Esportiva de Equinos, Segurança de Alimentos, Ensino Superior, Gestão, Saúde Pública e Meio Ambiente. Atualmente, integra a equipe de professores/pesquisadores da Escola Superior de Defesa (ESD), em Brasília-DF. É membro da ABED (Associação Brasileira de Estudos de Defesa), do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) e da Academia Baiana de Medicina Veterinária - ABAMEV, na qual ocupa a Cadeira Nr 5 como Acadêmico Titular.

Mariza Ferro, Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC)

Doutora em Modelagem Computacional pelo Laboratório Nacional de Computação Cientifica (LNCC) atuando na área de Computação Científica Distribuída de Alto Desempenho e Análise Operacional. Possui graduação em Ciência da Computação pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2002) e mestrado em Ciências da Computação e Matemática Computacional pela Universidade de São Paulo (2004). Obteve experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Inteligência Artificial, atuando principalmente nos seguintes temas: aprendizado de máquina, programação lógica indutiva e mineração de dados. Foi bolsista de Desenvolvimento Tecnológico Industrial do CNPq atuando no tema de computação autonômica. Fez seu Pós-doutoramento pelo projeto High Performance Computing for Energy (Programa Horizon 2020 UE) desenvolvendo pesquisas em análise de desempenho e consumo de energia e caracterização de simulações científicas. Atualmente é pesquisadora do LNCC e integra o Núcleo de IA deste laboratório. Integra ainda o Advanced Institute for Artificial Intelligence (AI2), um consórcio brasileiro de pesquisadores na área de Inteligência Artificial (IA). Seus principais interesses de pesquisa estão na Convergência entre Inteligência Artificial e Computação de Alto Desempenho, Computação e IA ecologicamente viável (Green AI/Green Computing) e Ética e confiabilidade em IA.

Eric Fernandes de Mello Araújo, Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Doutor pela Vrije Universiteit Amsterdam, Holanda (2018). Professor Adjunto no Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Pesquisador Visitante pela Vrije Universiteit Amsterdam. Líder do grupo de pesquisa BILbo (Behaviour Informatics Laboratory). Principais tópicos de pesquisa incluem modelagem baseada em agentes para uso em estudos de comportamento humano, contágio social, comportamento social, suporte cognitivo e afetivo, redes sociais, computação aplicada à saúde e ao estilo de vida e criminologia.

Cristiano Barros de Melo, Universidade de Brasília

Medico Veterinário (UFRPE 1992), Mestre em Medicina Veterinária e Doutor em Ciência Animal (UFMG 1998, 2001). Professor Associado na Universidade de Brasília (UnB) em Brasília (DF) e Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - PQ 2. Exerceu cargos administrativos na UnB como Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Animais (PPGCA-CAPES 5) - Mestrado e Doutorado - no período de 2007 a 2011, Diretor de Pesquisa (DIRPE) no Decanato (Pro-reitoria) de Pesquisa e Pós-graduação (DPP) no período de 2013 a 2015 e como Assessor no Gabinete da Vice-reitoria da UnB de 2015 a 2016. Presidiu a Comissão (GT) de Desenvolvimento e Implantação do Boletim de Atos Oficiais (2016) na UnB, bem como presidiu a Comissão (GT) de Desenvolvimento e Proposta da Unidade Seccional de Correição na Universidade de Brasília (2016), em colaboração com o Ministério da Transparência (CGU), em Brasília (DF). Recebeu a Medalha de Membro Titular da Academia Brasileira de Medicina Veterinária (ABRAMVET - Cadeira n. 25) em 2014. Foi agraciado com o Prêmio Moacyr Gomes de Freitas (Colégio Brasileiro de Parasitologia Veterinária - CBPV / 2002), com a Medalha do Grau de Comendador da Ordem do Mérito da Medicina Veterinária Brasileira (Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária - SBMV, 2014), além de outras 14 distinções e homenagens no período de 2002 a 2018. Como pesquisador, atua na área de Medicina Veterinária Preventiva, Doenças Infecciosas dos Animais Domésticos, Doenças Infecciosas de Notificação Obrigatória, Doenças Parasitárias dos Animais, Vigilância Agropecuária Internacional em aeroportos, portos e fronteiras, Biossegurança e Defesa Alimentar. Colabora com Órgãos Federais como CAPES/MEC, CNPq, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Ministério da Defesa (MD), entre outros. Coordenou o Projeto intitulado Risco de introdução de agentes infecciosos por produtos de origem animal em bagagens em aeroportos internacionais no Brasil, no período de 2009 a 2013, considerando parceria entre o CNPq, MAPA/VIGIAGRO, MAPA/CGAL, MAPA/LANAGRO Pedro Leopoldo - Unidades do VIGIAGRO nos aeroportos internacionais, Receita Federal do Brasil - Aduana, entre outros. É membro do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Ciências Policiais (RBCP) - vinculada a Coordenação da Escola Superior de Polícia / Academia Nacional de Polícia (CESP/ANP) da Polícia Federal.

Beatriz Helena Felício Fuck Telles Ferreira, Ministério da Defesa

Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia (1990) e mestrado em Ciências Agrárias pela Universidade de Brasília (2002). Atualmente, como oficial superior do Exército Brasileiro, desempenha a função de coordenadora do Projeto de Defesa Alimentar no Ministério da Defesa, atua nas áreas de Defesa Alimentar (Food Defense), Segurança dos Alimentos (Food Safety) e Inspeção de Alimentos.

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10-07-2024

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Artigos