ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLOGICO TRANSFUSIONAL DE HEMOCOMPONENTES ANTES E DEPOIS DO INÍCIO DA PANDEMIA DE COVID-19 EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO DE GRANDE PORTE NA CIDADE DE SÃO PAULO

https://doi.org/10.1016/j.htct.2021.10.898Get rights and content
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Introdução

A pandemia trouxe inúmeros desafios aos serviços de saúde e isso não foi diferente nos serviços de hemoterapia. O novo cenário exigiu constantes modificações nas rotinas de trabalho de acordo com o que se descobria a respeito da doença e seus impactos na transfusão de sangue. Novas estratégias de captação de doadores, manejo ainda mais criterioso dos estoques de hemocomponentes e adequação da infraestrutura às medidas sanitárias são alguns exemplos das adaptações que ocorreram. Concomitantemente ocorreu uma importante alteração do perfil de pacientes atendidos nos hospitais em geral com redução significativa de pacientes cirúrgicos e elevação do número de atendimentos clínicos, em especial em ambientes de terapia intensiva.

Objetivo

Avaliar o volume de transfusões por tipo de hemocomponente antes e depois do início do cenário de pandemia de COVID-19 em uma instituição privada da região sul da cidade de São Paulo.

Métodos

Foi realizado estudo descritivo e comparativo através de análise de dados obtidos no sistema informatizado de gerenciamento da agência transfusional. Foram incluídos os dados referentes às transfusões que ocorreram no período abril/2019 a março/2021 classificando-as de acordo com o tipo de hemocomponente diferenciando-se entre componentes eritrocitários, componentes plaquetários e componentes plasmáticos (plasma e crioprecipitado).

Resultados

Nos 12 meses que antecederam o início da pandemia foram realizadas 5.613 transfusões, sendo 2.553 concentrados de hemácias (45%), 1.407 concentrados de plaquetas (25%), 1.453 plasmas frescos congelados (26%) e 200 crioprecipitados (4%). Já no período de abril/2020 a março/2021, foram realizadas 6.091 transfusões, sendo 2.599 concentrados de hemácias (43%), 2.614 concentrados de plaquetas (43%), 598 plasmas frescos congelados (10%)  e 280 crioprecipitado (4%). Observou-se que no período houve um crescimento do número total de transfusões de 8% em relação ao período pré pandemia, além de uma alteração do perfil de consumo dos hemocomponentes, com expressivo crescimento absoluto e relativo do número de transfusões de componentes plaquetários (25% versus 43%).

Conclusões

A pandemia alterou significativamente o perfil de paciente atendido nos hospitais de todo o mundo e isso não foi diferente no hospital estudado. Os pacientes com quadros graves de COVID-19 apresentavam frequentemente quadros de insuficiência respiratória hipoxêmica com necessidade de circulação extracorpórea com membrana de oxigenação (ECMO) além distúrbios de coagulação o que resultou no aumento do consumo de concentrados de plaquetas.

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