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Diabetes como um fator associado ao óbito hospitalar por COVID-19 no Brasil, 2020

La diabetes como factor asociado a la muerte hospitalaria por COVID-19 en Brasil, 2020

Resumo

Objetivo:

Analisar a associação entre diabetes mellitus e óbito hospitalar por COVID-19 no Brasil, de fevereiro a agosto de 2020.

Métodos:

Estudo transversal, sobre casos notificados como síndrome gripal no Sistema de Informação de Vigilância da Gripe, positivos para COVID-19 e hospitalizados. A magnitude da associação do diabetes com o óbito foi estimada por regressão de Poisson com variância robusta.

Resultados:

Foram analisados dados de 397.600 casos hospitalizados, dos quais 32,0% (n = 127.231) evoluíram a óbito. A prevalência de óbito entre pessoas com diabetes foi de 40,8% (RP = 1,41; IC95% 1,39;1,42). Após ajustes por variáveis sociodemográficas e comorbidades, observou-se que o óbito foi 1,15 vez mais frequente entre aqueles com diabetes (IC95% 1,14;1,16).

Conclusão:

3 a cada 20 óbitos por COVID-19 ocorreram em indivíduos com diabetes mellitus, destacando-se a suscetibilidade dessa população e a necessidade de controle dessa doença crônica.

Palavras-chave:
Diabetes Mellitus; Infecções por Coronavírus; Mortalidade; Hospitalização; Estudos Transversais

Resumen

Objetivo:

Analizar la asociación entre la diabetes mellitus y la muerte hospitalaria por COVID-19 en Brasil, de febrero a agosto de 2020.

Métodos:

Estudio transversal con casos notificados como síndrome gripal en el Sistema de Información de Vigilancia de Influenza, positivos para COVID-19 y hospitalizados. La magnitud de la asociación entre diabetes y muerte se estimó mediante la regresión de Poisson con varianza robusta.

Resultados:

Se analizaron datos de 397.600 casos hospitalizados, de los cuales 32,0% (n = 127.231) fallecieron. La prevalencia de muerte entre las personas con diabetes fue de 40,8% (RP = 1,41; IC95% 1,39;1,42). Después de ajustar por variables sociodemográficasy comorbilidades, se observó que la muerte era 1,15 vez más frecuente entre los diabéticos (IC95% 1,14;1,15).

Conclusión:

3 de cada 20 muertes por COVID-19 ocurrieron en individuos con diabetes mellitus, destacando la susceptibilidad de esta población y la necesidad de control de esta enfermedad crónica.

Palabras clave:
Diabetes Mellitus; Infecciones por Coronavirus; Mortalidad; Hospitalización; Estudios Transversales

Abstract

Objective:

To analyze the association between diabetes mellitus and hospital deaths due to Covid-19 in Brazil, from February to August 2020.

Methods:

This was a cross-sectional study on hospitalized flu-like syndrome cases, with a positive test result for COVID-19, reported on the Influenza Epidemiological Surveillance Information System. Poisson regression with robust variance was used to estimate the magnitude of the association between diabetes and deaths.

Results:

Data from 397,600 hospitalized cases were analyzed, of which 32.0% (n = 127,231) died. The prevalence of death among people with diabetes was 40.8% (PR = 1.41; 95%CI 1.39;1.42). After adjustments for the variables sociodemographic and comorbidities, it could be seen that those with diabetes (95%CI 1.14;1.16) were 1.15 time more likely to die.

Conclusion:

3 out of every 20 deaths due to COVID-19 occurred among individuals with diabetes mellitus, highlighting this population susceptibility and the need to control this chronic disease.

Keywords:
Diabetes Mellitus; Coronavirus Infections; Mortality; Hospitalization; Cross-Sectional Studies

Contribuições do estudo

Principais resultados

A prevalência de óbito entre os casos hospitalizados de COVID-19 com diabetes foi maior quando comparada à dos casos hospitalizados de COVID-19 sem diabetes mellitus, no Brasil. 3 de cada 20 óbitos por COVID-19 ocorreram em indivíduos com diabetes.

Implicações para os serviços

Os resultados reiteram a importância da elaboração de estratégias de manejo da COVID-19 direcionadas a indivíduos com diabetes hospitalizados.

Perspectivas

Estudos epidemiológicos prospectivos, sistemáticos, de monitorização de amostras da população, ensaios clínicos randomizados terapêuticos de contingentes diversos, revisões de literatura e metanálises são significativos para a resolução da crise da COVID-19.

Introdução

Nos dois últimos anos, a ciência tem procurado identificar características clínicas associadas à gravidade da COVID-19, entre elas o papel do diabetes mellitus na morbimortalidade da doença. Indivíduos com diabetes mellitus costumam apresentar quadros de COVID-19 de maior gravidade, conforme observado em outras pandemias de infecções virais, a exemplo da síndrome respiratória aguda grave (SARS), em 2003, influenza (H1N1), em 2009, e infecção por coronavírus na síndrome respiratória do Oriente Médio em 2012.11. Yan Y, Yang Y, Wang F, Ren H, Zhang S, Shi X, et al. Clinical characteristics and outcomes of patients with severe COVID-19 with diabetes. BMJ Open Diabetes Research and Care. 2020;8(1): e001343. doi: 10.1136/bmjdrc-2020-001343
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2. Down S. COVID-19 and diabetes. Diabetes & Primary Care. 2020;22(2):25-6.
-33. Brito VP, Carrijo AMM, Olveira SV. Association between Diabetes Mellitus and the severity of COVID-19 and its potential mediating factors: a systematic review. Rev Thema. 2020;18:204-17. doi: 10.15536/thema.V18.Especial.2020.204-217.1820
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É frequente a associação do diabetes a outras condições clínicas, como hipertensão arterial, sobrepeso e doenças cardiovasculares e renais.44. Souza CL, Oliveira MV. Fatores associados ao descontrole glicêmico de diabetes mellitus em pacientes atendidos no Sistema Único de Saúde no Sudoeste da Bahia. Cad Saude Colet. 2020;28(1):153-64. doi: 10.1590/1414-462X202028010319
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Quanto à evolução clínica do portador de diabetes hospitalizado por COVID-19, tem-se observado que a presença de comorbidades influencia o prognóstico clínico,55. Escosteguy CC, Eleuterio TA, Pereira AGL, Marques MRVE, Brandão AD, Batista JPM. COVID-19: estudo seccional de casos suspeitos internados em um hospital federal do Rio de Janeiro e fatores associados ao óbito hospitalar. Epidemiol Serv Saude. 2020;30(1):e2020750. doi: 10.1590/S1679-49742021000100023
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e que a infecção pelo severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) parece contribuir para o agravamento das alterações clínicas consequentes à hiperglicemia, aumentando o risco de emergências diabéticas e morte.55. Escosteguy CC, Eleuterio TA, Pereira AGL, Marques MRVE, Brandão AD, Batista JPM. COVID-19: estudo seccional de casos suspeitos internados em um hospital federal do Rio de Janeiro e fatores associados ao óbito hospitalar. Epidemiol Serv Saude. 2020;30(1):e2020750. doi: 10.1590/S1679-49742021000100023
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O principal fator atribuído às complicações da COVID-19 em diabéticos relaciona-se à microangiopatia associada à doença e à potencial toxicidade direta do SARS-CoV-2 nos tecidos metabolicamente relevantes, incluindo células beta pancreáticas, alvos da ação da insulina.66. Pérez-Martínez P, Sánchez FJC, Gómez JC, Gómez-Huelgas R. Resolviendo una de las piezas del puzle: COVID-19 y diabetes tipo 2. Rev Clin Esp. 2020;220(8):507-10. doi: 10.1016/j.rce.2020.05.003
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,77. Muniangi-Muhitu H, Akalestou E, Salem V, Misra S, Oliver NS, Rutter GA. COVID-19 and diabetes: a complex bidirectional relationship. Front Endocrinol. 2020;11:582936. doi: 10.3389/fendo.2020.582936
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Outra hipótese para o agravamento da COVID-19 em diabéticos atribui-se à inflamação e ao estresse oxidativo, e consequentemente à resistência à insulina, à enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2), na patogênese do diabetes tipo 2 e COVID-19.88. Sourij H, Aziz F, Brauer A, Clardi C, Clodi M, Fasching P, et al. COVID-19 fatality prediction in people with diabetes and prediabetes using a simple score at hospital admission. Diabetes Obes Metab. 2021;23(2):589-98. doi: 10.1111/dom.14256
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No que se refere ao cenário do Brasil, até junho de 2021, dados apontavam para mais de 18 milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus e mais de 500 mil óbitos pela doença COVID-19 registrados, o que coloca o país em destaque na ocorrência de casos no cenário internacional da pandemia. Por conseguinte, as evidências acumuladas sobre o agravamento do prognóstico da COVID-19 em diabéticos têm preocupado cientistas de todo o mundo, sobretudo de países com elevada prevalência de ambas as doenças, tal qual o Brasil.33. Brito VP, Carrijo AMM, Olveira SV. Association between Diabetes Mellitus and the severity of COVID-19 and its potential mediating factors: a systematic review. Rev Thema. 2020;18:204-17. doi: 10.15536/thema.V18.Especial.2020.204-217.1820
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Assim, torna-se relevante a melhor compreensão do papel do diabetes no óbito por COVID-19 em um país com a quarta maior prevalência de diabetes no mundo, principalmente quando se reconhece o potencial sindêmico dessas doenças.99. International Diabetes Federation. IDF Diabetes Atlas. 4th ed. [Brussels]: International Diabetes Federation; 2009 [cited 2022 jan 12]. Available from: https://www.idf.org/component/attachments/attachments.html?id=811&task=download
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Nesse sentindo, o objetivo deste estudo foi analisar a associação do diabetes mellitus com o óbito hospitalar por COVID-19 no Brasil.

Métodos

Trata-se de estudo transversal, realizado nos meses de novembro de 2020 a fevereiro de 2021, sobre casos de COVID-19 notificados no Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (SIVEP-Gripe) no período de fevereiro a agosto de 2020. O SIVEP-Gripe, um sistema de informações em saúde brasileiro, reúne dados epidemiológicos nacionais de casos suspeitos e confirmados de qualquer doença com sintomas gripais, inclusive a COVID-19. O SIVEP-Gripe dispõe de dados sociodemográficos, clínico-laboratoriais, de comorbidades e internações.

Foram incluídos no estudo os casos notificados e confirmados de pessoas hospitalizadas com sintomas gripais e resultado positivo no teste reverse transcription-polymerase chain reaction (RT-PCR) para SARS-CoV-2, em todo o território nacional. Também se estabeleceu, como critério de inclusão nesta pesquisa, a internação hospitalar pela doença. Segundo protocolos nacionais, casos internados são aqueles que apresentam sintomas gripais moderados e graves, e com resultado positivo para o exame confirmatório de COVID-19.

A exposição principal do estudo foi apresentar diabetes (sim; não), seja constatada em autorrelato, durante entrevista de admissão, seja confirmada laboratorialmente, durante internação, devidamente registrada no sistema de notificação. Já o desfecho principal foi o óbito (sim; não), registrado no sistema de notificação.

Foram consideradas as seguintes variáveis, entendidas como possíveis confundidoras da associação entre diabetes mellitus e óbito por COVID-19:

  • Sociodemográficas

    Faixa etária [em anos: jovem (menos de 18); adulto (18 a 59); idoso (60 ou mais)], criada a partir da variável ‘idade’;

    Sexo (masculino; feminino);

    Escolaridade (analfabeto; ensino fundamental, 1º ciclo; ensino fundamental, 2º ciclo; ensino médio; ensino superior).

  • Sinais e sintomas clínicos

    Vômito, diarreia, dispneia, febre, saturação <95% (sim; não).

  • Comorbidades

    Pneumopatias, doenças neurológicas, doenças hepáticas, cardiopatias, doenças renais, imunodepressão (sim; não).

  • Condições de gravidade durante a hospitalização

    Infecção nosocomial e internação em leito de terapia intensiva (sim; não).

O modelo teórico utilizado para aferir a associação da presença de diabetes mellitus no óbito por COVID-19 foi criado na plataforma on line DAGitty (http://www.dagitty.net). Ressalta-se que o gráfico acíclico direcionado (nomeação originada da sigla em inglês, DAG) demonstra o modelo teórico formulado pelos pesquisadores, que estabeleceram possíveis relações entre variáveis confundidoras ou mediadores de associação e, ainda, vieses de seleção e informação.1010. Cortes TR, Faerstein E, Struchiner CJ. Use of causal diagrams in epidemiology: application to a situation with confounding. Cad Saúde Pública. 2016;32(8):e001033115. doi: 10.1590/0102-311X00103115
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No DAG apresentado para este artigo (Figura 1), é possível observar que se testou a relação direta da associação entre ter diabetes e óbito por COVID-19, uma vez que fazem parte do estudo somente pessoas hospitalizadas pela segunda condição. Também é possível identificar as possíveis variáveis mediadoras dessa associação, como os sintomas (vômito, diarreia, febre, dispineia, anosmia e saturação <95%), a infecção nosocomial e a gravidade (identificada como internação em leito de terapia intensiva). As demais variáveis foram definidas, no modelo teórico, como possíveis confundidoras de associação.

Figura 1
Gráfico acíclico direcionado da relação entre diabetes mellitus e óbito por COVID-19

Para análise de dados, inicialmente calculou-se a letalidade por COVID-19 através da razão entre o número de óbitos e o total de casos confirmados pela doença, multiplicado por 100. Por conseguinte, foi realizada a análise descritiva das variáveis. As variáveis categóricas foram descritas por frequências simples e relativas. A associação entre elas e o desfecho ‘óbito’ foi conferida por meio do teste qui-quadrado de Pearson.

Para testar a hipótese apresentada no DAG, de uma relação direta entre diabetes e COVID-19, foi aplicada regressão de Poisson com estimador de variância robusta, adotando-se p-valor <0,20 para entrada no modelo. Essa regressão foi inserida devido à elevada prevalência do desfecho.1111. Coutinho LMS, Scazufca M, Menezes PR. Methods for estimating prevalence ratios in cross-sectional studies. Rev Saude Publica. 2008;42(6):992-8. doi: 10.1590/S0034-89102008000600003
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Assim, primeiramente, verificou-se a associação do diabetes com o desfecho em um modelo bruto e, em seguida, realizaram-se ajustes pelos potenciais fatores confundidores, conforme apresentado na Figura 1. Dessa forma, o conjunto de ajustes mínimos suficientes para estimar o efeito ajustado do diabetes no óbito foi feito pela inclusão das variáveis sociodemográficas (idade, sexo e escolaridade) e comorbidades ou agravos associados (pneumopatias, doença neurológica, asma, doença hepática, disfunção renal, imunodepressão e cardiopatia) no modelo de regressão.

O modelo final foi definido após completo ajuste das variáveis confundidoras (sociodemográficas e comorbidades). Calculou-se a força de associação por meio da razão de prevalências (RP) e intervalo de confiança de 95% (IC95%). A adequação dos modelos foi avaliada segundo o valor de pseudo R2 (utilizado para desfechos binários), que mostrou o quanto o modelo pode explicar a variação dos dados apresentados: espera-se que quanto maior o pseudo R2, melhor o modelo. Além disso, foi utilizado o critério de informação de akaike (AIC) e o critério de informação bayesiano (BIC), pelos quais se espera do menor valor o melhor ajuste.

O estudo não foi submetido a aprovação prévia de um Comitê de Ética em Pesquisa, pois o acesso ao banco de dados é livre, na internet, disponibilizado pelo Ministério da Saúde do Brasil, sem qualquer identificação dos casos notificados, como nome ou endereço. Os pesquisadores cumpriram, igualmente, as orientações éticas para o manuseio, análise e publicação dos dados, conforme preconizam as resoluções do Conselho Nacional de Saúde nº 466, publicada em 12 de dezembro de 2012, e nº 510, de 7 de abril de 2016.

Resultados

O banco de dados extraído da plataforma SIVEP-Gripe continha um total de 1.048.575 notificações até o fim do período estudado. Dessas notificações, 359.575 correspondiam a casos com diagnóstico descartado para COVID-19, 271.334 não dispunham do resultado de teste diagnóstico, 12.776 se tratavam de casos não hospitalizados e 7.693 não tinham informação sobre data de internação, sendo igualmente desconsiderados e retirados da amostra. Portanto, a base para esta pesquisa constituiu-se de um total de 397.600 casos confirmados para COVID-19 e hospitalizados. A aplicação dos critérios de exclusão reduziu o total de dados ausentes (missing values) das variáveis estudadas para menos de 1%. Entre as variáveis analisadas, os percentuais de informações ignoradas sobre as variáveis ‘sexo’ e ‘escolaridade’ foram de 0,02% (n = 84) e 0,8% (n = 3.184), respectivamente.

Do total de 397.600 casos de COVID-19 em indivíduos hospitalizados no Brasil, 32,0% (n = 127.231) evoluíram para óbito. A prevalência do óbito entre as pessoas com diabetes foi de 40,8% (n = 41.776), com associação estatística entre as variáveis (p<0,001). Na Figura 2, observa-se aumento da letalidade da COVID-19 quando associada ao diabetes em todos os meses estudados, tendo variado de 2.712 (28,6%) a 5.067 (50,1%) no período selecionado. A Tabela 1 retrata a caracterização dos óbitos por COVID-19, bem como sua associação com variáveis sociodemográficas e processos patológicos (p<0,001).

Figura 2
Distribuição da letalidade por COVID-19 em pessoas hospitalizadas e no grupo de casos, com ou sem diabetes mellitus, Brasil, 2020

Tabela 1
Características associadas ao óbito em pessoas hospitalizadas por COVID-19 (n = 397.600), Brasil, 2020

A razão de prevalências bruta da associação entre diabetes e óbito por COVID-19 foi de 1,48 (IC95% 1,39,1,42) (Tabela 2). Após ajuste pelos fatores sociodemográficos (modelo 2), a razão de prevalências passou a ser de 1,20 (IC95% 1,19;1,21). Na análise ajustada pelas variáveis relativas à presença de comorbidades (modelo 3), o valor da RP passou a ser 1,15 (IC95% 1,14;1,16), representado uma prevalência de óbito 15% mais elevada entre os brasileiros com diabetes hospitalizados por COVID-19.

Tabela 2
Associação entre diabetes mellitus e óbito em pessoas hospitalizadas por COVID-19 (n=394.337), Brasil, 2020

No modelo bruto, obtiveram-se: R2 = 0,6%; AIC = 541.244,00; BIC = 541.265,8. Em contraste, o modelo final apresentou: R2 = 4,7%; AIC = 516.191,6; BIC = 516.365,8 (Tabela 2). A aplicação de critérios de ajuste indicados no método confirmou o modelo final como o mais adequado para as estimativas do desfecho apresentado.

Discussão

O estudo mostrou que, no Brasil, a prevalência de óbito por COVID-19 entre os casos hospitalizados foi maior para indivíduos com diabetes mellitus, comparados aos não diabéticos, durante os meses de fevereiro a agosto de 2020. Tais resultados contribuem para um maior conhecimento do perfil clínico de pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 e entendimento de como doenças crônicas podem afetar o prognóstico da COVID-19.

A associação do diabetes com os óbitos por COVID-19 permaneceu, ainda que em menor magnitude, após os ajustes pelos fatores de confusão (variáveis sociodemográficas e comorbidades), como demonstrado em outros estudos.1212. Kumar A, Arora A, Sharma P, Anikhindi SA, Bansal N, Singla V, et al. Is diabetes mellitus associated with mortality and severity of COVID-19? A meta-analysis. Diabetes Metab Syndr. 2020;14(4):535-45. doi: 10.1016/j.dsx.2020.04.044
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,1313. Huang I, Lim MA, Pranata R. Diabetes mellitus is associated with increased mortality and severity of disease in COVID-19 pneumonia - A systematic review, meta-analysis, and meta-regression. Diabetes Metab Syndr. 2020;14(4):395-403. doi: 10.1016/j.dsx.2020.04.018
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Este trabalho apresenta algumas limitações. A principal refere-se à informação relativa ao diagnóstico do diabetes, a variável preditora principal, autorreferida. A segunda limitação consiste no uso de dados secundários, obtidos para fins clínicos e não de pesquisa, e pode representar problemas de incompletude ou inadequações no preenchimento, interferindo nos resultados encontrados, embora os critérios de inclusão e exclusão aplicados possibilitassem reduzir esse viés. Outro fator limitante é o elevado número de informações ignoradas para algumas variáveis. Por exemplo, mesmo com os critérios aplicados pelos autores na seleção da base populacional, a variável ‘obesidade’ não foi considerada, por apresentar elevado percentual de dados ausentes. Finalmente, a análise restrita a casos hospitalizados pode ter superestimado a associação do diabetes com o óbito por COVID-19. Porém, trata-se de um estudo de base hospitalar, em que i) os casos de diabetes têm mais chance de alcançar maior gravidade e maior número de comorbidades e ii) os casos de COVID-19 tendem a ser moderados ou severos.

Diversos estudos buscaram melhor caracterizar os perfis clínicos da infecção pelo novo coronavírus, inclusive os sinais e sintomas mais comuns, e identificar fatores associados ao prognóstico da COVID-19. No Brasil, como na maioria dos países em desenvolvimento,1414. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Especial: doença pelo coronavírus 2019. Bol Epidemiol. 2020 [citado 2022 jan 02];23. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/boletins-epidemiologicos/covid-19/2021/boletim-epidemiologico-covid-19-no-23.pdf/view
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o diabetes foi identificado como causa de incapacidade prematura e de mortalidade, conforme evidenciado por estudo1515. Grasselli G, Zangrillo A, Zanella A, Antonelli M, Cabrini L, Castelli A, et al. Baseline characteristics and outcomes of 1.591 patients infected with SARS-CoV-2 admitted to ICUs of the Lombardy Region, Italy. JAMA. 2020;323(16):1574-81. doi: 10.1001/jama.2020.5394
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que revelou 61% dos indivíduos hospitalizados por COVID-19 terem vindo a óbito e apresentarem pelo menos uma comorbidade, com destaque para a cardiopatia e o diabetes.

A literatura relata diferentes níveis de prevalência de casos com combinação de diabetes e COVID-19, em diversos países do mundo. Na Itália, por exemplo, estudos mostram uma variação de 17% a 35% de prevalência das doenças combinadas.1616. Centers for Disease Control and Prevention. Preliminary estimates of the prevalence of selected underlying health conditions among patients with coronavirus disease 2019. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2020;69(13):382-6. doi: 10.15585/mmwr.mm6913e2
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Revisão sistemática com metanálise de efeitos aleatórios mostrou 35% de chances de casos severos e 50% de aumento das chances de óbito em indivíduos com diabetes e com COVID-19;1717. Almeida-Pititto B, Dualib P, Zajdenverg L, Dantas JR, Souza FD, Rodacki M, et al. Severity and mortality of COVID19 in patients with diabetes, hypertension and cardiovascular disease: a meta-analysis. Diabetol Metab Syndr. 2020;12:75. doi: 10.1186/s13098-020-00586-4
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estudo transversal brasileiro evidenciou 46,9% de prevalência de diabetes e COVID-19;1818. Garces TS, Sousa GJB, Florêncio RS, Cestari VRF, Pereira MLD, Moreira TMM. COVID-19 in a state fo Brazilian Northeast: prevalence and associated factors in people with flu-like syndrome. J Clin Nurs. 2020;29(21-22):4343-8. doi: 10.1111/jocn.15472
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e coorte histórica, acompanhada em cidade do Nordeste brasileiro, teve 5,5%, e destes, 49,1% evoluíram a óbito.1919. Sousa GJB, Garces TS, Cestari VRF, Florêncio RS, Moreira TMM, Pereira MLD. Mortality and survival of COVID-19. Epidemiol Infect. 2020;148:e123. doi: 10.1017/S0950268820001405
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Diversas hipóteses podem explicar a associação de diabetes e óbito por COVID-19 entre hospitalizados. Uma delas é a de que o diabetes, enquanto uma doença crônica, altera as funções metabólicas e, com isso, as respostas imunológicas, tornando os portadores dessa doença mais susceptíveis a infecções pelo SARS-CoV-2. Em indivíduos com diabetes, os processos metabólicos, importantes mediadores dos mecanismos de defesa, não atuam adequadamente no sentido de proteger o organismo contra danos fisiológicos decorrentes de infecções.1919. Sousa GJB, Garces TS, Cestari VRF, Florêncio RS, Moreira TMM, Pereira MLD. Mortality and survival of COVID-19. Epidemiol Infect. 2020;148:e123. doi: 10.1017/S0950268820001405
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Ademais, o diabetes aumenta o risco de fibrose pulmonar, distúrbios pulmonares obstrutivos e redução da função respiratória, que podem também diminuir a oxigenação dos órgãos.2020. Zhou F, Yu T, Du R, Fan G, Liu Y, Liu Z, et al. Clinical course and risk factors for mortality of adult inpatients with COVID-19 in Wuhan, China: a retrospective cohort study. Lancet. 2020; 395(10229):1054-62. doi: 10.1016/S0140-6736(20)30566-3
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A concomitância dessas duas doenças ainda pode contribuir para a ocorrência de eventos tromboembólicos, pelo aumento do D-dímero e do fibrinogênio, potencializando os riscos de desfechos desfavoráveis nesses indivíduos. Estados de hipercoagulação associados com diabetes e COVID-19 podem gerar amputações. Pesquisa realizada nos Estados Unidos aponta que, durante a pandemia, diabéticos com COVID-19 tiveram 10,8 vezes mais chances de sofrer amputações de qualquer nível, e que a probabilidade de grande amputação (acima do nível do tornozelo) também aumentou.2121. Casciato DJ, Yancovitz S, Thompson J, Anderson S, Bischoff A, Ayres S, et al. Diabetes-related major and minor amputation risk increased during the COVID-19 pandemic. J Am Podiatr Med Assoc. 2020;20:224. doi: 10.7547/20-224
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Nesse sentido, ressalta-se que o controle glicêmico é fundamental para a prevenção dessas condições.2222. Acquah S. Implications of COVID-19 pandemic on evolution of diabetes in malária-endemic african region. J Diabetes Res. 2020:8205261. doi: 10.1155/2020/8205261
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https://doi.org/10.1016/j.diabres.2020.1...

Outro ponto relevante encontra-se no fato de os diversos níveis de isolamento social, adotados durante os meses de pandemia, terem alterado o estilo de vida das pessoas, sua maior presença em casa, aumentando a ansiedade e o consumo alimentar.2424. Wijaya I, Andhika R, Huang I. Hypercoagulable state in COVID-19 with diabetes mellitus and obesity: Is therapeutic-dose or higher-dose anticoagulant thromboprophylaxis necessary?. Diabetes Metab Syndr. 2020;14(5):1241-2. doi: 10.1016/j.dsx.2020.07.015
https://doi.org/10.1016/j.dsx.2020.07.01...
Isto pode ter implicado maior consumo de calorias, menor gasto energético e instabilidade metabólica,2525. Biancalana E, Parolini F, Mengozzi A, Solini A. Short-term impacto f COVID-19 lockdown on metabolic controlo f patients with well-controlled type 2 diabetes: a single-centre observational study. Acta Diabetol. 2020;58(4):431-6. doi: 10.1007/s00592-020-01637-y
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,2626. Ghosh A, Arora B, Gupta R, Anoop S, Misra A. Effects of nationwide lockdown during COVID-19 epidemic on lifestyle and other medical issues of patients with type 2 diabetes in north India. Diabetes Metab Syndr. 2020;14(5): 917-20. doi: 10.1016/j.dsx.2020.05.044
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justamente fatores de forte impacto em diabéticos por conta das alterações glicêmicas que a doença causa.

Conclui-se que a prevalência de óbito entre casos hospitalizados de COVID-19 com diabetes foi 15% maior, quando comparada à prevalência dos casos hospitalizados de COVID-19 sem diabetes, no Brasil. Durante a pandemia, evidenciou-se maior vulnerabilidade à COVID-19 entre a população portadora de diabetes. Estes achados sugerem a necessidade da elaboração de estratégias de prevenção e manejo da COVID-19 em pessoas com diabetes mellitus.

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  • Financiamento

    O autor Garces TS recebeu apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do Ministério da Educação (Capes/MEC), na modalidade de bolsa de doutorado.

Editado por

Editora associada

Doroteia Aparecida Höfelmann

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Maio 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    05 Out 2021
  • Aceito
    31 Mar 2022
Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente - Ministério da Saúde do Brasil SRTVN Quadra 701, Via W5 Norte, Lote D, Edifício P0700, CEP: 70719-040, +55 61 3315-3464, Fax: +55 61 3315-3464 - Brasília - DF - Brazil
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