Autocuidado de pacientes com diabetes mellitus tipo 2 de difícil controle em época de pandemia / Self-care of patients with type 2 diabetes mellitus, difficult to control in pandemic times

Abstract

O Diabete Mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença metabólica caracterizada por falta do controle fisiológico da glicemia de jejum e pós prandial. Embora a adesão ao autocuidado medicamentoso e não medicamentoso seja difícil, é o recurso mais eficiente para a homeostase glicêmica. O objetivo foi analisar as relações entre o autocuidado medicamentoso e não medicamentoso e o controle lipídico e glicêmico de pacientes com DM2. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí (Nº3.843.633). Foram aplicados três questionários virtuais a mulheres com 35 e 50 anos de idade, realizadas avaliação antropométrica e do perfil lipídico e glicêmico plasmático. Foram incluídas no estudo 12 mulheres pacientes do ambulatório de endocrinologia do município. Foram avaliadas as frequências e a correlação pelo teste de Spearman. O baixo número de voluntárias foi por causa da suspensão do atendimento aos pacientes durante a época da pandemia COVID-19 em 2020. O nível socioeconômico da amostra foi baixo, 58,3% com renda familiar de até um salário-mínimo, 66,7% afirmaram praticar atividade física, mas somente 16,2% declararam hábitos alimentares saudáveis. As porcentagens de mulheres com sobrepeso (41,7%), obesidade (50%) e com valores altos de circunferência da cintura (83,3%) e relação cintura quadril (100%) foram elevadas, 75% da amostra apresentou glicemia acima do preconizado e em 83,3% o índice HOMA-IR foi elevado. Os indicadores do perfil lipídico estavam na faixa de normalidade. Os resultados do questionário do MAT demonstraram que o autocuidado medicamentoso foi satisfatório (83,4% com escores indicadores de boa adesão). Entretanto, maiores níveis de autocuidado medicamentoso correlacionaram-se com níveis plasmáticos de colesterol total e de LDL. Tal resultado é difícil de ser compreendido, podendo ser uma correlação espúria. Conclui-se que os maus hábitos alimentares foram fatores determinantes dos indicadores antropométricos elevados e do controle glicêmico precário. Além disso, a predominância de mulheres de classe econômica baixa, que nem sempre tem acesso ao conhecimento sobre autocuidado, demonstra a importância de ações institucionalizadas para a promoção da saúde e prevenção de comorbidades em pacientes com DM2. O controle do comportamento alimentar, da massa corporal e da glicemia envolve esforços consideráveis para a adoção de hábitos de vida saudáveis, especialmente durante uma situação de pandemia global, na qual as pacientes podem ter apresentado motivações hedônicas para aumentar a ingestão calórica ou escolher alimentos não saudáveis. Como a assistência pela equipe de saúde foi suspensa durante a pandemia, é possível que a menor supervisão pela equipe possa ter fortalecido esses comportamentos, levando as pacientes a negligenciarem o autocuidado.